O Natal vem a cada ano, faz
um rebuliço nas cidades, enternece o coração de todas as pessoas, esvazia os
bolsos dos adultos e dá alguma alegria às crianças.
Natal é Natal, sempre em Dezembro de cada ano. Mas este Natal de 2015 está diferente. Encontra nosso país mais confuso, mais triste, mais pobre, mais medroso, mais vulnerável. As brasileiras e os brasileiros estão com a voz embargada. As mesas serão menos fartas, os presentes serão lembrancinhas e os efusivos cumprimentos natalinos mais se assemelharão a lamúrias. Enfim, parece que nunca antes na história deste país tivemos um Natal como este. Ou tivemos?
Situação natalina mais ameaçadora, certamente, foi a que ocorreu naquele primeiro Natal nas campinas de Belém, com direito até a um massacre de crianças de dois anos para baixo (que barbárie!). Mas, faz tanto tempo! A gente se esqueceu. O primeiro Natal ocorreu em plena crise. Um cinismo politico justificava o autoritarismo dos poderosos sobre os povos dominados pelo Império Romano. Em meio àquela bagunça, nasce o indefeso - e também visado - menino Jesus.
De lá prá cá muita água rolou sob a ponte da história. Vivemos em um mundo tecnologicamente muito avançado, espichamos a expectativa de vida, encurtamos as distâncias e concebemos leis para desestimular a exploração de uns sobre os outros. Adquirimos um discurso holístico e humanístico, criamos o folclore natalino e congelamos no presépio o menino Jesus, hoje adulto, com mais de dois mil anos.
Tanto neste Natal de 2015 quanto no primeiro Natal, o evento não pede licença. Ele se impõe às nossas circunstâncias. Gostaríamos de arrumar a casa, de reparar as injustiças, de aproximar os beligerantes, de corrigir as distorções, de redistribuir as riquezas, mas nos distraímos com as coisas de menor importância, enquanto que, com nossas ações e omissões vamos acrescentando sofrimento ao sofrido mundo à nossa volta.
Hoje, com a perspectiva de mais de dois mil anos que também são mais de dois mil Natais, temos muito a aprender com o então menino que ocupou aquela manjedoura por algum tempo, para depois, como pessoa adulta, ser cravado numa cruz e ser depositado numa sepultura. Ele não está na manjedoura, não está na cruz e tampouco no túmulo que deixou vazio para sempre. Enquanto estava entre os homens ensinou pelo que fez e pelo que disse.
Neste mundo, ensinou Ele, vocês passarão por várias crises, mas tenham ânimo, eu venci o mundo (João 16:33).
Aí está a crise; aí está o Natal; aí está o ensino do “dono” do Natal.
Aqui estamos nós. Que baita inspiração e desafio! Tá na hora de levarmos a sério aquela máxima que costumamos usar para mobilizar as pessoas: “Crise é também oportunidade e não apenas ameaça”.
Desejo que este Natal de 2015 o ajude a vislumbrar as muitas oportunidades embutidas na atual crise. Tenha ânimo!
*Efraim da Silva Lima - Sócio de Excelência - Consultor e Facilitador
