Produtividade tem a ver com a quantidade (elevada) da produção (resultados), mantendo-se a mesma estrutura e os mesmos recursos (financeiros, materiai) e o mesmo quadro de pessoasl. Ter produtividade significa produzir o máximo com o mínimo.
Partindo-se deste entendimento, o desafio que se coloca é: O que me compete fazer, no âmbito de minha posição, para dar a minha parcela de contribuição para a elevação da produtividade?
Esta pergunta precisa ser respondida pelo presidente da empresa tanto quanto por todos os demais trabalhadores. A ninguém será permitido condicionar suas respostas a decisões, autorizações e restrições de outras pessoas, sejam elas: pares, superiores ou subordinados.
São ações sobre as quais seus autores precisam ter total governabilidade, ou seja, dependem unicamente de suas próprias vontades. Abaixo apresentamos alguns exemplos:
São ações sobre as quais seus autores precisam ter total governabilidade, ou seja, dependem unicamente de suas próprias vontades. Abaixo apresentamos alguns exemplos:
1. Manter-me bem informado a respeito daquilo que é esperado de mim e de como o meu desempenho está sendo visto e avaliado pelas outras pessoas (superiores e pares). Na ausência de informações tomarei a iniciativa de buscá-las.
2. Prestar as informações aos públicos internos (pares, superiores) e aos públicos externos (clientes, fornecedores, órgãos públicos e outros), levando em conta as características de cada público e o nível de profundidade requerido para cada caso.
3. Colocar-me no lugar do outro (empatia), procurando entendê-lo (necessidades, expectativas e sentimentos) para melhor atendê-lo.
4. Praticar o planejamento diário, estabelecendo prioridades e avaliando os resultados no final do dia. 5. Manter o local de trabalho suficientemente organizado para que não haja perda de tempo com busca de documentos e outros materiais.
6. Preparar-me antecipadamente para eventos fora da rotina (encontros, reuniões, palestras, entrevistas), de modo que o meu desempenho não seja prejudicado por algo que deixei de providenciar.
7. Comunicar-me com clareza (dicção apropriada e volume de voz adequado ao meu interlocutor) objetividade (dizendo sem rodeios) e concisão (utilizando somente a quantidade de palavras necessárias).
8. Em situações de reuniões, internas ou externas, praticarei a comunicação eficaz (de acordo com o item anterior).
9. Assumir a postura de "embaixador" da Empresa ou Instituição, de modo natural e espontâneo, em todos os momentos e lugares, procurando sensibilizar o maior número de pessoas.
10. Manter-me atento às oportunidades e ameaças do ambiente externo (incluindo a atuação da "concorrência"), compartilhar estas percepções com quem de direito, e dar a minha contribuição para o aproveitamento das oportunidades e à superação das ameaças.
11. Conhecer e cumprir as rotinas operacionais, pois elas me fazem ganhar tempo.
12. No caso em que venha descobrir formas mais rápidas e racionais de execução de alguma tarefa, isto será comunicado a quem de direito, para que possa se tornar rotina para todas as pessoas que executam a mesma tarefa.
Pegue carona nos doze exemplos acima apresentados e faça a sua própria listinha. Tenho certeza que por melhor que seja o seu atual desempenho profissional, ainda é possível melhorá-lo. Experimente!
Na década de 80 acompanhei durante 40 dias uma equipe de conceituada empresa de consultoria em Santa Catarina. A empresa cliente, disseram-me, tem um sério problema de produtividade. Sem explicitar minha dúvida, fiquei querendo adivinhar (ou matutando, como diria o mineiro) no que exatamente consistiria o tal problema.
ARTIGO II
Produtividade - A importância do diagnóstico
Publicado no Jornal Diário do Comércio em 26/03/11
Efraim da Silva Lima
Na década de 80 acompanhei durante 40 dias uma equipe de conceituada empresa de consultoria em Santa Catarina. A empresa cliente, disseram-me, tem um sério problema de produtividade. Sem explicitar minha dúvida, fiquei querendo adivinhar (ou matutando, como diria o mineiro) no que exatamente consistiria o tal problema.
Não me lembro como, mas finalmente entendi que a empresa cliente, que se destacava no ramo de confecções, embora continuasse a exibir produtos de invejável qualidade, estava sofrendo uma inexplicável baixa na quantidade de sua produção. Com os mesmos equipamentos, ou seja, máquinas de costura pilotadas pelas 50 costureiras, a empresa deveria estar produzindo 40% a mais. Não sei como chegaram a esta conclusão, mas tive grande admiração e respeito pelos consultores que me deram tais informações.
Mais de três décadas se passaram. Distante geograficamente (estou em Minas Gerais) daquela confecção, ouço o mesmo discurso do problema da baixa produtividade. Com a mesma estrutura, afirmou um experiente analista, deveríamos estar produzindo 100% mais.
O tempo e a geografia mudaram. A natureza do empreendimento é também outra. Enquanto a razão da existência daquela antiga confecção era cobrir e embelezar o corpo, a razão de ser da instituição da qual agora me ocupo é enriquecer o espírito, dignificar a pessoa humana que precisa de capacitação e experiência para poder conquistar o seu lugar no mercado de trabalho, na sofisticada sociedade em que vivemos.
Imagino-me um pouco mais maduro ao final desta primeira década do século XXI. Por isto posso arriscar alguns palpites a respeito do fenômeno da produtividade.
Para começar, precisamos ter clareza quanto à situação problema. Para isto os registros, as séries históricas, afinal os números, são nossos aliados. Estamos lidando com fatos, portanto não há margem para discordâncias. Diante destes fatos, acrescentamos nossas opiniões, nossas explicações. Nada contra isto desde que saibamos que uma coisa é o fato e outra coisa é a nossa “teoria” a respeito dele. O mais adequado é estimular outras pessoas para também opinarem. O compartilhamento das opiniões deverá ocorrer em clima amistoso, sem imposições decorrentes da hierarquia.
Tão importante quanto a unanimidade com relação ao enunciado do problema de produtividade é a unanimidade quanto às suas reais causas. Percepções e opiniões quando sistematizadas se transformam em hipóteses úteis para a investigação das causas. Como acontece no diagnóstico médico, é possível que exames mais apurados nos permitam ver outras causas, diferentes daquelas anteriormente observadas.
O médico competente só prescreve o medicamento depois de feito o diagnóstico. Sob ação do medicamento o organismo vai reassumindo suas funções e, como consequência, passará a apresentar os resultados que anteriormente estiveram comprometidos. As Organizações à semelhança dos organismos vivos, se desgastam e adoecem, mas quando adequadamente tratadas, retornam à original vitalidade e até a superam.
Medicamentos “equivocados” nem sempre são neutros em seus efeitos; alguns, além de não curar, matam. Isto é verdade na medicina e na gestão de empresas e instituições.
Vou levá-lo de volta à confecção da década de 80 do século passado. Deixando de lado algumas “falsas causas”, destaco as duas finalistas. A primeira é que, com o desgaste das máquinas de costura, havia muita interrupção para manutenções corretivas. A segunda é que, com o passar do tempo, 50% das “máquinas humanas” também se desgastaram e reduziram o ritmo de trabalho. Antes de se ter esta clareza a respeito destas causas, um profissional do RH havia recomendado um treinamento motivacional. Felizmente esta não foi a solução adotada. Nenhum treinamento motivacional conserta desgaste de máquinas e de corpos. Um cronograma de manutenção preventiva foi implantado e algumas máquinas foram substituídas. As costureiras idosas foram remanejadas para outras funções Três delas, depois de preparadas, se transformaram em instrutoras de treinamento operacional.
Esta história do século passado está sendo reeditada em nossos dias. “O paciente”, ou melhor, o responsável por ele, chama “o médico” e vai logo pedindo que lhe prescreva os medicamentos A, B, e C. Questionado, ele responde que tem um problema de baixa produtividade, cujas causas são: a) mau relacionamento dos funcionários, b) incompetência para liderar e c) equipes despreparadas. Este é o seu “diagnostico”, e os medicamentos são três cursos; um para cada causa.
Há fortes indícios de que as causas (da baixa produtividade) não são aquelas apontadas pelo cliente. Tudo indica que o “nó” esteja no estilo rígido do gestor da instituição, em sua incapacidade de reconhecer as novas exigências do mercado, em seu apego a antigos paradigmas. Práticas anacrônicas vêm colocando a instituição em desvantagem competitiva.
O consultor poderá aceitar ministrar os três cursos, até porque “todo mundo sabe que os temas solicitados (Relações Interpessoais, Liderança e Trabalho em equipe) são mesmo necessários para qualquer Organização e sempre se aprende um pouco mais com qualquer curso; se não fizer bem, mal não faz”. Isto é uma falácia!
Não se deve perder o foco no problema. As ações adotadas precisam ser direcionadas à erradicação de suas causas. Como acontece na ciência médica, na resolução de problemas, um criterioso diagnóstico vai permitir a escolha do medicamento adequado.
Artigo III
Produtividade e Prazer - tudo a ver!
Publicado no Jornal Diário do Comércio em 26/03/11
Efraim da Silva Lima
Nada mais habitual do que associarmos o trabalho ao mundo dos adultos - das pessoas responsáveis, confinadas a ambientes especialmente montados para as atividades operacionais ou intelectuais de indivíduos e equipes. Trabalho é coisa de “gente grande”, com maturidade suficiente para internalizar valores, assimilar ordens e submeter-se à disciplina coletiva.
Assim entendido, parece ser necessário que o trabalhador, ao assumir este papel, tenha que renunciar ou pelo menos ocultar as demais facetas de sua personalidade. Então, em nome da produtividade (produzir sempre mais e melhor com os mesmos ou com menos recursos), são colocados desafios para superação das metas, dos limites pessoais e institucionais. Nas equipes de vendas, nas artes e nos esportes “a corrida” é estimulada pela liderança e acatada com naturalidade pelos trabalhadores; nos outros ambientes ocorrem queixas e resistências.
Nos esportes e nas artes, mais do que nas equipes de vendas, tudo nos faz crer que o desejo da superação parta do próprio indivíduo e seja reforçado pelos aplausos dos admiradores e dos torcedores. Artistas e atletas se submetem a treinamentos e disciplinas inimagináveis para os trabalhadores dos demais segmentos. “Levar a vida na flauta”, para o flautista profissional, nada tem a ver com a idéia de “descompromisso” expressa neste provérbio. A carga horária de treino monótono na reclusão de seu quarto o faz literalmente suar a camisa, antes que se apresente ao lado de dezenas de outros músicos, no concerto que você assistirá durante duas horas.
O segredo parece estar no significado do trabalho para os profissionais destes (e de outros) segmentos. Lembro-me da feira do Jaçanã – aquele bairro do Adoniran Barbosa - e do entusiasmo mágico dos feirantes que, mais do que produtos, ofereciam um show de humor e otimismo, para a freguesia.
Alguns médicos, professores, líderes religiosos, tecnólogos e operários, isolada e anonimamente ou integrando equipes de voluntários, continuam, após a aposentadoria, a compartilhar com a sociedade os seus conhecimentos e habilidades, prestando serviços relevantes, independente de qualquer tipo de remuneração ou reconhecimento. Sou inclinado a pensar que o que importa não é o trabalho em si, mas a relação que cada qual estabelece com ele. Artistas, atletas ou santos poderemos ser todos nós, em nossas profissões.
Se você é um deles:
ü Tem consciência da importância de seu trabalho, não apenas para o seu sustento, mas como contribuição para: o seu grupo de referência, a sociedade e a humanidade;
ü Os estímulos externos são bem vindos; no entanto, suas motivações falam mais alto;
ü Consegue perceber-se e agir como um ser integral, admitindo seus pensamentos e sentimentos, como também suas forças e suas fragilidades;
ü Sabe que ocupa diferentes palcos e transita de um para outro no desempenho de diferentes papéis, sem perder sua própria identidade;
ü Entende que há tendências que independem dos seus valores e julgamentos, e é nesta direção que o mundo caminha, mas ainda assim, isto não é desculpa para sua omissão;
ü Faz as articulações internas e externas de acordo com as demandas de sua função, contribuindo com a eficiência e a eficácia do sistema.
ü Age preferencialmente de modo pró-ativo;
ü Trabalha orientado por um senso de missão, assim como recomenda São Paulo: “Tudo o que você fizer, faça de todo o coração, como se fosse para o Senhor e não para os homens”.
Quase que ia terminando este texto sem dizer o principal. Estou na fase de curtir os quatro netos. Eles estão reforçando uma aprendizagem acontecida há alguns anos, na convivência com os meus três filhos: Trabalho não é privilégio de adultos; as crianças também trabalham. Formam equipes, criam regras e exigem que sejam cumpridas. Quando estão a sós, topam o trabalho solitário, como fez a Mel (cinco aninhos) domingo passado, no sitio, com os dois avós. Ela conseguiu realizar inúmeras e imaginárias tarefas. Brincadeira de criança é trabalho sério, às vezes extenuante.
Deixar que as crianças tomem conta de nossa oficina, laboratório, consultório, loja, certamente será um desastre. Mas nos fazer acompanhar de nossa criança interior nos trará alguns benefícios. Sua energia, sua curiosidade, suas indagações, sua vontade de aprender, sua coragem e ousadia, misturadas com sua euforia (entusiasmo exagerado), sua irreverência, sua ignorância e teimosia; sim, é disso que precisamos para resignificar o nosso trabalho.
Você e sua criança interior – a mais poderosa parceria – jogo ganha-ganha! Eis aí o sinérgico encontro entre o trabalho e a brincadeira; o pensamento e o sentimento; a seriedade e a descontração; os limites e a superação; a mesmice e a inovação; o passado e o futuro; a realidade e a fantasia; a certeza e a esperança.
Sei que não é fácil estar no seu lugar. Tantas são as pressões, a infidelidade do mercado, as metas por cumprir e os imprevistos. Nenhum adulto aguenta isto, a não ser que esteja acompanhado de sua criança interior. Se este for o seu caso, olhe atentamente para ela. Perceba sua satisfação em tê-lo por companheiro. Ela ignora a maioria dos temas organizacionais e os jargões próprios de seu mundo profissional e ainda não é afeita a teorizações. Apesar disto, há uma espécie de revelação esboçada no brilho de seus olhos, algo que talvez possa ser assim decodificado: Produtividade e prazer – tudo a ver!
